• Skip to primary navigation
  • Skip to main content
  • Skip to primary sidebar
  • Skip to footer

MAYDAY

  • Culture
  • Interviews
  • Reviews
  • Nonfiction
    • Contests
  • Translation
  • Fiction
  • Poetry
  • About
    • Submit
      • Contests
      • Contest Winners
      • MAYDAY:Black
    • Open Positions
    • Masthead
    • Contributors

DE CIMA PARA BAIXO de Artur Azevedo (traduzido por Amanda Sarasien)

July 1, 2015 Contributed By: Amanda Sarasien, Artur Azevedo

Naquele dia o ministro chegou de mau humor ao seu gabinete, e imediatamente mandou chamar o diretor-geral da Secretaria Este, como se movido fosse por uma pilha elétrica, estava, poucos instantes depois, em presença de sua excelência, que o recebeu com duas pedras na mão.

– Estou furioso! – exclamou o conselheiro. – Por sua causa passei por uma vergonha diante de sua majestade o imperador!

– Por minha causa? – perguntou o diretor-geral, abrindo muito olhos e batendo nos peitos.

– O senhor mandou-me na pasta um decreto de nomeação sem o nome do funcionário
nomeado!

– Que me está dizendo, excelentíssimo…?

E o diretor-geral, que era tão passivo e humilde com os superiores quão arrogante e autoritário com os subalternos, apanhou rapidamente no ar o decreto que o ministro lhe atirou, em risco de lhe bater na cara, e, depois de escanchar a luneta no nariz, confessou em voz sumida:

– É verdade! Passou-me! Não sei como isto foi…!

– É imperdoável esta falta de cuidado! Deveriam merecer-lhe um pouco mais de atenção os atos que têm de ser submetidos à assinatura de sua majestade, principalmente agora que, como sabe, está doente o meu oficial de gabinete!

E, dando um murro sobre a mesa, o ministro prosseguiu:

– Por sua causa esteve iminente uma crise ministerial: ouvi palavras tão desagradáveis
proferidas pelos augustos lábios de sua majestade, que dei a minha demissão!…

– Oh!…

– Sua majestade não a aceitou…

– Naturalmente; fez sua majestade muito bem.

– Não a aceitou porque me considera muito, e sabe que a um ministro ocupado como eu é fácil escapar um decreto mal copiado.

– Peço mil perdões a vossa excelência – protestou o diretor-geral, terrivelmente impressionado pela palavra demissão. O acúmulo de serviço fez com que me escapasse tão grave lacuna; mas afirmo a vossa excelência que de agora em diante hei de ter o maior cuidado em que se não reproduzam fatos desta natureza.

O ministro deu-lhe as costas e encolheu os ombros, dizendo:

– Bom! Mande reformar essa porcaria!

O diretor-geral saiu, fazendo muitas mesuras, e chegando no seu gabinete, mandou chamar o chefe da 3ª seção que o encontrou fulo de cólera.

– Estou furioso! Por sua causa passei por uma vergonha diante do sr. ministro!

– Por minha causa?

– O Sr. mandou-me na pasta um decreto sem o nome do funcionário nomeado!

E atirou-lhe o papel, que caiu no chão.

O chefe da 3ª seção apanhou-o, atônito, e, depois de se certificar do erro, balbuciou:

– Queira vossa senhoria desculpar, Sr. diretor… são coisas que acontecem… havia tanto
serviço… e todo tão urgente!…

– O Sr. ministro ficou, e com razão, exasperado! Tratou-me com toda a consideração, com toda a afabilidade, mas notei que estava fora de si!

– Não era o caso para tanto…

– Não era caso para tanto? Pois olhe, sua excelência disse-me que eu devia suspender o chefe de seção que me mandou isto na pasta!

– Eu… vossa senhoria…

– Não o suspendo; limito-me a fazer-lhe uma simples advertência, de acordo com o regulamento.

– Eu… vossa senhoria.

– Não me responda! Não faça a menor observação! Retire-se, e mande reformar essa porcaria!

O chefe da 3ª seção retirou-se confundido, e foi ter à mesa do amanuense que tão mal copiara o decreto:

– Estou furioso, Sr. Godinho! Por sua causa passei por uma vergonha diante do Sr. diretor-geral!

– Por minha causa?

– O senhor é um empregado inepto, desidioso, desmazelado, incorrigível! Este decreto não tem o nome do funcionário nomeado!

E atirou o papel, que bateu no peito do amanuense.

– Eu devia propor a sua suspensão por quinze dias ou um mês: limito-me a repreendê-lo na forma do regulamento! O que eu teria ouvido, se o Sr. diretor-geral não me tratasse com tanto respeito e consideração!

– O expediente foi tanto, que não tive tempo de reler o que escrevi…

– Ainda o confessa!

– Fiei-me em que o Sr. chefe passasse os olhos…

– Cale-se!… Quem sabe se o senhor pretende ensinar-me quais sejam as minhas atribuições?!…

– Não, senhor, e peço-lhe que me perdoe esta falta…

– Cale-se, já lhe disse, e trate de reformar essa porcaria!…

O amanuense obedeceu.

Acabado o serviço, tocou a campainha.

Apareceu um continuo.

– Por sua causa passei por uma vergonha diante do chefe da seção!

– Por minha causa?

– Sim, por sua causa! Se você ontem não tivesse levado tanto tempo a trazer-me o caderno de papel imperial que lhe pedi, não teria eu passado a limpo este decreto com tanta pressa que comi o nome do nomeado!

– Foi porque…

– Não se desculpe: você é um contínuo muito relaxado! Se o chefe não me considerasse tanto, eu estava suspenso, e a culpa seria sua! Retire-se!

– Mas…

– Retire-se, já lhe disse! E deve dar-se por muito feliz: eu poderia queixar-me de você!…

O continuo saiu dali, e foi vingar-se num servente preto, que cochilava num corredor da
secretaria.

– Estou furioso! Por tua causa passei pela vergonha de ser repreendido por um bigorrilhas!

– Por minha causa?

– Sim; quando te mandei ontem buscar na portaria aquele caderno de papel imperial, por que te demoraste tanto?

– Porque…

– Cala a boca! Isto aqui é andar muito direitinho, entendes? Porque, no dia em que eu me queixar de ti ao porteiro, estás no olho da rua! Serventes não faltam!…

O preto não redargüiu.

O pobre diabo não tinha ninguém abaixo de si, em quem pudesse desforrar-se da agressão do contínuo; entretanto, quando depois de jantar, sem vontade, no frege-moscas, entrou no pardieiro em que morava, deu um tremendo pontapé no seu cão.

O mísero animal que vinha, alegre, dar-lhe as boas-vindas, grunhiu, grunhiu, grunhiu, e voltou a lamber-lhe humildemente os pés.

O cão pagou pelo servente, pelo contínuo, pelo amanuense, pelo chefe de seção, pelo diretorgeral e pelo ministro!…

Ler o conto em inglês.

Return to table of contents for Issue 9 Summer 2015.

You May Also Enjoy Reading...

  • Top-Down by Artur Azevedo
    (Translated from Portuguese by Amanda Sarasien)

    On that day the Minister arrived at his office in a foul mood and immediately sent for the Director-General of the Secretariat. The latter, as if powered by a battery, was, moments later, in the…

  • Empire de la Mort
    by Robert Nazarene

    for Immanuel: IL MIGLIOR IMPRESARIO DI POMPE FUNEBRI                       I.  THE CRUSH OF THE DEAD Humans are the cruelest mice, breeding memorials out of the dead grass, mixing memory and monstrosity, excavating the last…

Filed Under: Translation Posted On: July 1, 2015

Further Reading

везде by Aleksandra Bogdanova

Return to table of contents for Issue 4 Summer 2011

Crave
by Mateo Lara

Before I carved the binary out of my bone Before I could look at myself and sweet-kiss it when it was easier to hide in the haze of my youth not yet accepting of the bright hot sun on my back in retreat, men evoking rituals on the soft body, reviving little ceremonies of distrust, […]

GNOMIC SAVIORS: EDITORS ON EDITING – HOW DO AN INCREASING NUMBER OF LIT MAGS DEFEND THEIR RELEVANCE?

Okla Elliott: The United States is unique in that we have literally thousands of literary journals, whereas countries like England or Germany have only a few dozen, and some countries have fewer than ten.  Now, the circulation on some of these tend to beat ours, but not always.  So, what is the effect of the massive […]

Primary Sidebar

Recently Published

  • Inside the Kaleidoscope
    by Jane O. Wayne
  • Two Poems by Luis Alberto de Cuenca
    translated from the Spanish by Gustavo Pérez Firmat
  • I Hope Your Birthday Is So Beautiful, It Hurts to Look at It
    by Josette Akresh-Gonzales
  • Concerning My Daughter by Kim Hye-jin
    translated from the Korean by Jamie Chang,
    reviewed by Jacqueline Schaalje
  • Verge
    by William Cordeiro

Trending

  • Eight Contemporary Female Irish Artists to Fall In Love With Immediately
    by Aya Kusch
  • George Saunders on A Swim in a Pond in the Rain
    by Brianna Di Monda
  • Sellouts 1970: Love Story: The Year a Screenplay-Turned-Novel Almost Broke the National Book Award
    by Kirk Sever
  • Cool Uncle
    by Emmett Knowlton
  • I Know Who Orville Peck Is
    by Robin Gow
  • Painting to Empower: An Interview with Artist Harmonia Rosales
    by Aya Kusch
  • This field is for validation purposes and should be left unchanged.

Footer

  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter

Business


Reprint Rights
Privacy Policy
Archive

Engage


Open Positions
Donate
Contact Us

Copyright © 2023 · New American Press

  • This field is for validation purposes and should be left unchanged.